sábado, 16 de outubro de 2010

IGREJA (ECLESIOLOGIA)

I-INTRODUÇÃO A ECLESIOLOGIA

1- DEFINIÇÃO (MT 16:18)

Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.

A palavra “igreja”é de origem grega e vem do substantivo “ekklesia” que significa “chamar para fora”.Os dicionários do Novo Testamento dividem o termo “ekklesia”como:

a-) Igreja universal;

b-) Congregação ou igreja local;

c-) Igreja domestica.

Embora a palavra “igreja”seja usada para indicar qualquer assembléia, o sentido principal deve ser:

a-) A família espiritual de Deus;

b-) Uma comunidade criada pelo Espírito Santo, baseada na obra expiatória de Cristo.

1.1 – A EDIFICAÇÃO DA IGREJA

A igreja alem de ser uma organização é um organismo espiritual. Foi edificada segundo o padrão divino, com o propósito de ser o templo de Deus Pai. Por este motivo, foi edificada por Deus Filho e é a habitação de Deus Espírito Santo.

a-) Fundamento

a igreja possui um fundamento solido, insubstituível e inigualável: Jesus Cristo. A expressão “edificarei a minha igreja” (MT 16.18) revela a capacidade de quem podia estabelecer na Terra, um organismo vivo que pudesse se sobrepor às interperies desta vida, vencer a morte e romper com todos os obstáculos criados no mundo espiritual, ate atingir as metas estabelecidas pelo próprio Deus. Tendo em vista ser Jesus Cristo “a pedra principal”, as dimensões e profundidade desse fundamento são incalculáveis, pois vão alem dessa dispensação, sobrepõem-se ao tempo e a própria vida. Ele se apresenta como a própria rocha inabalável e mais firme que o Monte Sião.

b-) Amor de Cristo pela igreja

o passo inicial dessa grande obra começou pelo amor, tão grande e sublime que levou o Senhor Jesus a superar as piores dores, e suportar as mais indescritíveis pressões morais e espirituais. A grandeza desse amor pode ser medido nos procedimentos de Cristo. Em momento algum ele recusou, mas se entregou a si mesmo por nós.(Ef.5:2) e andai em amor, como Cristo também vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave.

c-) Comprada com o sangue de Cristo

a igreja foi fundada no calvário. Tornou-se propriedade exclusiva do Senhor, pois Ele cumpriu todas as exigências quanto à forma de resgatá-la: (1Co 6:20) Porque fostes comprados por preço; glorificai pois a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus.

d-) Origem histórica

foi estabelecida no Dia de Pentecostes (At 2.1-13).

c-) Origem profética

a Bíblia esta cheia de ilustrações de pessoas “chamadas para

1- Consideramos o caso de Noé. Deus lavrara a sentença e todo o mundo ia ser destruído com água. Noé porem foi “chamado para fora”dessa destruição.

2-)Abraão “foi chamado para fora”. Deixou tudo que possuia para traz, saiu de sua terra e parentela para formar uma nova nação.(Gn 12.1,2; Hb 11:8)

3-) A congregação no deserto – (At 7.38) Esta congregação é Israel como povo de Deus. Em hebraico a palavra traduzida por congregação é “gahal”e na septuaginta o termo é “ekklesia”que significa “igreja”. Assim como Moises conduziu a igreja no Antigo Testamento, Cristo conduz a igreja no Novo Testamento. Assim como a igreja do Antigo Testamento a igreja do Novo Testamento esta no “deserto”, é uma igreja peregrina longe da terra prometida ( Hb 11:6-16).

1.2 USO NÃO BIBLICO DA PALAVRA “IGREJA”

a) Edifício;

Quando nos referimos a quantidade de igrejas construídas em nossa cidade.

b) Denominação;

Quando nos referimos a outras denominações.

2- A IGREJA E O SENTIDO IDEAL

2.1 Congregações

O Novo Testamento define igreja como sendo uma democracia teocrática dos chamados para fora, ou seja; os chamados por Deus. Se quisermos compreender a igreja, à luz do ensino bíblico, precisamos considerar que ela não é deste mundo. Antes de deixar seus discípulos, Jesus disse: (Jo 20: 21) assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós. Esta palavra é extensiva a igreja,

E o único meio de compreender esta sociedade chamada igreja, corpo de Cristo, é reconhecer sua origem não humana.

a) Singular

Refere-se a congregação local e especifica (At 11:22; 13:1)

b) Plural

Refere-se a varias congregações (Gl 1:13; At 9:31).Quando a Biblia refere-se a uma ou mais congregações não quer distinguir em qualidade ou poder (1Co 10:32; 11:16; Gl 1:13,22). Não existe uma distinção entre a igreja real e a igreja ideal, pois a ideal esta contida na igreja real.

3- IGREJA IDEAL ( Ef 4:1-7)

O apostolo fala da igreja como sendo o corpo místico de Cristo é a totalidade dos “chamados para fora”. É a comunidade total dos crentes. Na carta de Paulo aos santos que estavam em Éfeso, o Apostolo tem como tema o eterno propósito redentor de Deus realizado através da igreja. Neste propósito particular tanto judeu como gentios A igreja compreende o povo de Deus convocado para participar na nova dispensacao que se inaugurou em Cristo. Como instrumento da gloria divina a igreja herdou todas as promessas, participa da guerra contra satanás e herdará a vida eterna (Cl 1:21-27; Hb 12:22-24; AP 1:20). A natureza desta comunidade esta condicionada aos atributos de quem a convoca.

4- FIGURAS DE LINGUAGEM

4.1 – Corpo de Cristo

Cristo estava presente de forma visível na terra, durante o tempo de sua encarnação. Fazia parte e seu ministério, enquanto estivesse conosco, preparar um grupo de discípulos para dar continuidade a igreja que seria fundada ( Mt16:18-19; 18:17-20; Ef 2:19; Fp 3:20). Eles estavam limpos pela palavra, e a antiga aliança fora abolida no Calvário (Ef 2.15). Formavam assim um novo pacto, um novo corpo, tendo Cristo como cabeça e os crentes como corpo de Cristo ( 1Co 12:27; Ef 1:22-23; Cl 1:18). Sendo o cabeca somente a Ele cabe a posicao de comando e suprema liderança. Ao trocar a liderança de Jesus por outra qualquer, os homens mergulham no caos e não sobrevivem. (AP 3:17-20). Cristo, como cabeça da igreja, zela pelo bem estar do corpo e nos outorga todos os seus benefícios; e faz com que nos apropriemos das tesouros dos seus conhecimentos e da revelação( Cl 2:3).

4.2 – O templo de Deus.

Templo de Deus, refere-se ao santuário interior, o Lugar Santíssimo, onde Deus manifesta a sua gloria de maneira especial e localizada. Embora Deus seja unipresente, a Bíblia diz que Ele habita no meio do seu povo(Ex 25:8; 1 Rs8:27).Individualmente também somos templo do Espírito Santo (1Co 6:19).

4.3 – Casa de Deus.

A igreja é a casa ou a família de Deus (Ef 2:19), ela sustenta e devende a verdade.

II CARACTERISTICAS DA IGREJA

1 - UNIDADE (Ef 4:1-6)

A unidade esta relacionada a vida comum em Cristo, que é medida pela presença do Espírito Santo e da atuação dos diversos dons e talentos da igreja, com o propósito de aperfeiçoar os santos para a obra do ministério e edificação do corpo de Cristo ( Ef 4:12). Por esta unidade somente existir de fato em Cristo, nenhum membro isoladamente pode criar uma igreja e dissolve-la.

1.1 O que é Ministério.

Ministério é a atividade espiritual, conjunta ou global, resultante do exercício dos dons e funções operadas pelo Espírito Santo, através de pesoas divinamente chamadas e vocacionadas por Deus e que na igreja desempenham serviços ou tarefas especiais. Este grupo de homens trabalham movidos pelo Espírito Santo, visando a expansão da igreja ( Rm 12: 3-8).

1.2 O Ministério da Igreja e Seus Objetivos.

Conforme o apostolo Paulo (Ef 4:11), Deus instituiu os vários ministérios em sua igreja visando promover:

a) Aperfeiçoamento dos santos

Deus tem um propósito para sua igreja que é levá-la a perfeição (MT 5:48).

b) A edificacao do corpo de cristo.

A igreja deve crescer no conhecimento, na graca, na santidade, no amor, na adoração, no louvor e em numero. Para isso, todos os ministérios trabalham, conjugando esforços no sentido de produzir a desejada edificação.

1.3 Os Dons Ministeriais e as Suas Características.

Os dons ministeriais exercem um importante e fundamental papel na Igreja do Senhor Jesus Cristo. Paulo ao tratar dos ministérios enumera cinco categorias (Ef 4:11).

a) Apóstolos.

No inicio os apóstolos distinguiam-se dos demais discípulos porque hiviam estado pessoalmente com o Senhor Jesus, tendo como excessao o Apostolo Paulo;

b) Profetas:

É alguém comissionado por Deus para falar ao homem em Seu nome. É, portanto, aquele que fala obedecendo ao impulso de uma repentina inspiração ou de uma revelação especifica;

c) Evangelista:

É o mensageiro de boas novas. É um desbravador. Este é um ministério dinâmico de grande alcance e poder;

d) Pastores:

Dos ministérios este é o mais conhecido. No Novo Testamento aparecem três palavras para caracterizar o ministério Pastoral:

1) Presbítero ou Ancião; ( At 11:30; 14:23; 20:17-18).

2) Bispo: ( At 20:28).

3) Pastor: É o que apascenta o rebanho e deve ter um coração cheio de amor. É o Pastor que alimenta, conduz e guarda o rebanho de Deus.

e) Mestres:

Homens iluminados pelo Senhor, capacitados pelo Espírito Santo a ensinar o povo de Deus. O Mestre ajuda a combater os abusos, excessos e fanatismos (1 Co 14: 40). São os Mestres que expõem com exatidão o caminho do Senhor (At 18:24-26).

2- SANTIDADE (Ef 4:17;5:25-27).

O Apostolo Paulo chama com freqüência os cristãos de santos (Ef 1:1;Fp 1:1), referindo-se ao seu novo estado de redimidos por Cristo.

3- AUTORIDADE ( MT 16:18-19)

Quando a igreja esta sujeita a Cristo e ao Espírito Santo, ela recebe autoridade para:

a) Proclamar o Evangelho ( MT 28:18-20; At 2:14);

b) Expor a verdade (At 15:28);

Em (1 Pe 1:24-25), encontramos os fundamentos onde deve apoiar-se a doutrina da igreja:

“A palavra de Deus”

Grupos tem se levantado ao longo da historia do cristianismo, ensinando doutrinas que não prevalesceram por serem puramente humanas ( At 5:34-40)

c) Disciplinar os errados:

1- Dando todas as oportunidaes ( MT 18:1518)

2- Eliminando os que rejeitam as admoestações, para não contaminarem outros membros da igreja (AP 2:20)

d) Cobrar os mandamentos:

1- Batismo em águas (At 2:41).

2- Santa Ceia ( !Co 11:17-34).

4 -

Deus nos abriu uma porta nova, através da qual podemos entrar em um mundo completamente novo, o mundo maravilhoso da vida de fé, o único meio pelo qual podemos agradar a Deus. Por isso devemos diariamente orar ao pai Celestial para que nos conceda o privilegio de crescer na graça ( 2Pe 3:18). Foi precisamente em resposta a confissao de fé do Apostolo Pedro que Cristo prometeu estabelecer a sua igreja (MT 16:18), que é antes de tudo a congregação dos crentes fieis ( At 2:24; 4:32; 5:14; 1Tm 4:12). Esta fé se expressa no batismo (At 2:41; 8:12,36; Rm 6:4; 1Co 12:13). Com base doutrinaria a fundamentada nas convicções bíblicas, a igreja esta apta a responder aos incrédulos sobre as razoes de sua fé.

5 - COMPANHEIRISMO

Quando os cristão estiverem unidos em Cristo, consequentemente eles se relacionarão de uma forma vital uns com os outros (Rm 12:5; 1Co 12:12). Em Atos encontramos este companheirismo em sua plenitude, a ponto de terem tudo em comum (At 2:44;4:32).

III A IGREJA E A SOCIEDADE

1 – ORGANISMO E ORGANIZAÇÃO

A igreja é um organismo espiritual e vivo, e ao mesmo tempo, está organi-

zada em um corpo social.

a) A Sua identificação com a sociedade:

A igreja local é identificada com o nome da sociedade a que pertence e isso envolve a língua, aspectos físicos, alimentação e vestuários relacionados com o clima. Porem isso não significa que os cristãos devem andar e portar-se como os incrédulos. Ainda que estejamos incluídos num contexto social, neste contexto deve sobressair a nossa luz.

b) Os membros da igreja são elementos sociáveis:

O Evangelho de João descreve a participação de Jesus, sua mãe e seus discípulos, em uma festa de casamento (Jo 2:1-3). O Senhor Jesus não era alheio as coisas que diziam respeito ao ser humano. Porem a nossa sociabilidade não deve servir de pretexto para tomarmos parte de banquetes oferecidos pelo príncipe desde mundo;

c) A estrutura social da igreja:

A igreja primitiva começou com os elementos da sociedade que receberam a Palavra, aceitando o testemunho diante dos homens e concordando em permanecer juntos (At 2:41). Os que se conservaram obedientes ao mandado divino foram submetidos ao batismo em aguas e, finalmente, incluídos no rol de membros da igreja;

d) Responsabilidade da igreja na sociedade;

1- Revelar a Deus e a sua vontade: - Deus estabeleceu a igreja na terra para que possa nela habitar e, por ela, tornar-se conhecido da sociedade. É através da igreja , que muitos membros da sociedade, são detidos em sua caminhada para adestruicao, e encontram paz e segurança em Jesus Cristo (Ef 3:5);

2- Sarar as feridas da sociedade:- O pecado assemelha-se a uma terrível doenca (Is 1:5-6), e esta se alastra como uma lepra cruel atingindo com rapidez todo o corpo, alma e espírito do homem que, por sua vez contamina os que estão a sua volta (Rm 1:18-32; 5:12). O pecado enferma o homem e o leva a morte ( Rm 6:23). A igreja possui o Deus que sara( Ex 15:26:

A alma (Sl 41:4);

O corpo ( Sl 103:3)

O espírito ( Is 53:5).

A igreja é capacitada com poder sobrenatural para operar sinais e prodígios entre o povo (At 5:12-16;8:6-7).

3- Abençoar a sociedade - O salmo 33no versículo 12 afirma: “Bem aventurada é a nação cujo Deus é o Senhor”..A tarefa da igreja no meio a sociedade é influencia-la de tal maneira que Deus possa reinar em seu meio (Sl 47:8), a luz deve dissipar todas as trevas ( Mt 5:15), e o sal deve conservar a carne ( Mt 5:13).A influencia da igreja deve ser marcante em todos os segmentos da sociedade; deve fazer prevalecer, a todo o custo e esforco, a Palavra de Deus.

IV – A OBRA MISSIONARIA DA IGREJA

A igreja esta neste mundo, para fazer a obra que Cristo iniciou, estendendo sua encarnação e seu ministério neste século, ate que Ele venha na sua segunda vinda. A presença da Igreja em que mora o Espírito Santo(2Co 6:16) refreia o mal no mundo, e da testemunho de justiça e amor de Deus.

A missão da igreja é pregar o Evangelho de Cristo em sua plenitude e com todas as suas implicações ( MT 28:18-20;At 1:8).

A UNIDADE DO CASAL



Muitos casais cristãos estão vivendo hoje fora daquilo que Deus idealizou. Brigas constantes, desrespeito mútuo e distância entre o casal, são vistos em muitos lares. E além da infelicidade que isto produz em seus corações, ainda há a questão do mal testemunho dado.

Penso que este é um assunto que merece nossa atenção, pois o princípio de viver em unidade é algo que não apenas produzirá maior realização emocional no relacionamento, como também liberará sobre o casal as bênçãos de Deus.

COMPREENDENDO A UNIDADE

É importante que consigamos visualizar o que a unidade do casal pode produzir em suas vidas, e então seremos desafiados a preservá-la. Também entenderemos porque o diabo, o adversário de nossas almas, luta tanto contra ela. Jesus nos ensinou que a unidade e concordância permite Deus agir em nossas vidas:

“Ainda vos digo mais: Se dois de vós na terra concordarem acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus. Pois onde se acham dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles”. (Mateus 18:19,20)

Por outro lado, a falta de unidade impede Deus de agir. A palavra de Deus nos mostra de modo bem claro que quando o marido “briga” com sua mulher, algo acontece também na dimensão espiritual:

“Igualmente vós, maridos, vivei com elas com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais frágil, e como sendo elas herdeiras convosco da graça da vida, para que não sejam impedidas as vossas orações”. I Pedro 3:7

Ao deixar de honrar a mulher como vaso mais frágil e maltratá-la (ainda que só verbalmente), o marido está trazendo um sério problema sobre a vida espiritual do casal. A Bíblia diz que as orações serão impedidas.

É lógico que isto também vale para a mulher, embora quem mais facilmente tropece nisto sejam os homens. O texto bíblico revela que depois de desonrar a mulher na condição de vaso mais frágil (com asperezas), o homem, mesmo que clame ao Senhor, terá sua oração impedida, pois um princípio foi violado.

Deus não age em um ambiente de desarmonia e discordância. Isto é um fato. Quando tentaram construir a torre de Babel, as Escrituras dizem que Deus desceu para ver o que os homens faziam.

E Deus mesmo, ao vê-los trabalhando em harmonia e concordância de propósito declarou:

"Eis que o povo é um e todos têm uma só língua; e isto é o que começam a fazer; agora não haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer.Eia, desçamos, e confundamos ali a sua linguagem, para que não entenda um a língua do outro.” (Gn.11:6,7).

O que vemos aqui é que a unidade remove limites. Quando o casal se torna um e fala uma só língua (sem discordância) eles removem os limites diante de si! Deus pode agir livremente num ambiente destes, mas basta perder a capacidade de falar a mesma língua que tudo se perde!

No reino de Deus, quando dois se unem, o efeito não é de soma, mas de multiplicação. Moisés cantou acerca do exército de Israel: um deles faria fugir a mil de seus inimigos, mas dois deles faria fugir dez mil! (Dt.32:30).

A unidade ainda traz consigo outras virtudes. Podemos ver isto numa das figuras bíblicas do Tabernáculo. O propiciatório da arca da aliança figura este princípio. O Senhor disse que ali Ele viria para falar com Moisés.

O propiciatório (ou tampa da arca) era o lugar onde a glória e a presença de divina se manifestava. E nas instruções para a confecção desta peça, vemos o simbolismo da unidade. Deus disse que os dois querubins deveriam ser uma só peça de ouro batido; com isto falava simbolicamente de unidade entre seus adoradores (Ex.25:17-19).

Os querubins deviam estar com as asas estendidas um para o outro (Ex.25:20), o que fala de cobertura recíproca. A falta de unidade nos leva a agir com o espírito de Caim que disse ao Senhor: “Acaso sou eu guardador de meu irmão?” (Gn.4:9).

Mas quando estamos em unidade com alguém, cobrimos e protegemos esta pessoa! Esta é uma virtude que acompanha a unidade.

A outra, é a transparência. Os querubins deveriam estar um de frente para o outro (Ex.25:20). Isto fala alegoricamente de poder encarar outro adorador “olho no olho”. Fala de não ter nada escondido, de não ter pendências. Ninguém consegue olhar (espontaneamente) no olho de outra pessoa quando as coisas não estão bem.

Quando Jacó fala para sua família que as coisas já não estavam bem entre ele e Labão, seu sogro, a expressão que ele usa é: “vejo que o semblante de vosso pai já não é mais o mesmo para comigo” (Gn.31:5).

Jesus disse que os olhos são a candeia do corpo. Eles refletem o que está dentro de nós. E a unidade é a capacidade de olhar olho no olho e estar bem. Particularmente, eu não posso concordar com casais que escondem coisas um do outro, seja no que diz respeito à sua vida passada (erros e pecados) ou presente (como nas questões financeiras, por exemplo).

Acredito que a unidade verdadeira exige que haja remoção ou acerto de “pendências” (Pv.28:13).

Ás vezes fingimos um comportamento só para agradar (ou não desagradar) ao outro, o que diverge do ensino bíblico. Este teatro não produzirá unidade verdadeira. Temos que aprender a ser francos, como está escrito: “Melhor é a repreensão franca do que o amor encoberto” (Pv.27:5).

Paulo censurou este tipo de comportamento dúbio quando escreveu aos gálatas. Ele falou sobre como o apóstolo Pedro em certa ocasião agiu assim para ser “diplomático” e que esta atitude conseguiu atrair até mesmo o prórprio Barnabé, companheiro de Paulo, e ele os censurou publicamente (Gl.2:11-14).

Contudo, quero ressaltar que ser franco não significa ser grosseiro, pois a Bíblia nos ensina a falar a verdade em amor. O conselho dado a Timóteo na hora de corrigir os que opunham, foi o de usar de mansidão (II Tm.2:25). A unidade manifesta a verdade (dolorosa às vezes) de forma bem mansa.

O PRINCÍPIO DO ACORDO
A Bíblia nos ensina também que o acordo é indispensável num relacionamento:

“Como andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?” Amós 3:3

A ausência de acordo é uma porta aberta para o diabo. Quando Paulo escreveu aos efésios e falou sobre não dar lugar ao diabo, o fez dentro de um contexto, que é o de pecados que acontecem nos relacionamentos:

“Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira, nem deis lugar ao diabo.” Efésios 4:26,27

Tiago escreveu sobre o mesmo princípio. Ele disse:

“Pois onde há inveja e sentimento faccioso, aí há confusão e toda espécie de cousas ruins.” Tiago 3:16

Já mencionamos anteriormente que o acordo é uma porta aberta para ação de Deus (Mt.18:19). Mas quando chegamos ao ponto de dissipa-lo de nosso relacionamento, estamos comprometendo não só a qualidade da satisfação na esfera emocional, mas também a esfera espiritual de nosso lar. Não é fácil ajustar-se satisfatoriamente na relação conjugal.

As diferenças são muitas; na formação de cada um, na personalidade, temperamento, e acrescente a isto as diferenças entre homem e mulher. Contudo, quando aprendemos a ter como denominador comum o caráter e os ensinos de Cristo, então conseguimos o ajuste por meio de ceder, perdoar, recomeçar, etc.

Mesmo um casal que parecia perfeitamente ajustado em seu período de namoro e noivado descobrirá a necessidade de mais ajustes à medida que os anos de casamento vão passando. Não é uma tarefa tão fácil, mas não é impossível!

Se não estivesse ao nosso alcance, Deus estaria sendo injusto ao cobrar isto de nós... mas o fato é que não só é algo possível, como também é uma chave poderosa na vida cristã!

O CASAL DEVE DECIDIR JUNTO

Há uma ordem de governo e autoridade estabelecida por Deus no lar. O marido é chamado o cabeça (Ef.5:22-24), e entendemos que como tal tem direito à palavra final. Porém, isto não quer dizer que o homem esteja sempre certo ou que não deva ouvir sua mulher.

Encontramos no Velho Testamento uma ocasião em que o próprio Senhor diz a Abraão, seu servo: “Ouve Sara, tua mulher, em tudo o que ela te disser” (Gn.21:12). No Novo Testamento vemos Pôncio Pilatos desprezando o conselho de sua mulher e se dando mal com isto (Mt.27:19).

Precisamos considerar ainda que ser líder não significa ser autoritário. Quando o apóstolo Pedro escreveu aos presbíteros (que compõem o governo da Igreja Local), disse em sua epístola que eles não deveriam ser “dominadores do povo” (I Pe.5:3).

Isto mostra que autoridade e autoritarismo são duas coisas distintas. Vejo muitos maridos dizerem que suas esposas TÊM que obedecê-los! Mas ao dizer que as esposas devem ser submissas, Deus não estava instituindo o autoritarismo no lar. Vale ainda lembrar que Jesus declarou que “aquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido” (Lc.12:48).

Os homens precisam se lembrar de que em matéria de responsabilidade do lar, terão que responder a Deus numa medida maior que as mulheres. Mas não é preciso que o homem carregue o peso desta responsabilidade sozinho.

É importante que o casal dialogue e tome decisões juntos. Desde que casamos, minha esposa e eu sabemos quem é o cabeça do lar, mas foram muitas raras as vezes em que tomei uma decisão por mim mesmo.

Sempre conversamos e discutimos sobre nossas decisões. As vezes já estamos de acordo no início da conversa, e às vezes precisamos de muita conversa para amadurecer bem o que estamos discutindo. Mas sabemos a bênção de caminhar em acordo e cultivamos isto entre nós.

Entendo que se a mulher é chamada de “auxiliadora” na Bíblia, é porque o homem precisa de sua ajuda. E a ajuda da mulher não está limitada à atividades domésticas.

A Bíblia fala com esta figura, que deve haver uma relação de companheirismo. Creio que como auxiliadora, a mulher deve ajudar a tomar decisões.

Este é um processo que exige ajuste. Na hora de discutir alguma decisão, ou mesmo a forma de ser e se comportar de cada cônjuge, vemos o quanto é difícil ouvir ao outro. Mas devemos atentar para o ensino bíblico sobre isto: “Responder antes de ouvir é estultícia e vergonha” (Pv.18:13).

Tiago nos adverte o seguinte:

“Sabeis estas cousas, meus amados irmãos. Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar”. Tiago 1:19

A verdade é que normalmente somos prontos para falar e irar-se um contra o outro, mas tardios para dar ouvidos ao que o outro tem a dizer. E isto precisa ser mudado em nós! Para que haja acordo, precisamos aprender a ouvir.

TRATANDO COM DESENTENDIMENTOS

Os desentendimentos ocorrem, mesmo entre os crentes mais dedicados, mas devem ser tratados logo. Lemos que alguém pode se irar e não pecar, pois é uma reação emocional espontânea.

Mas o que cada um faz com o sentimento que teve pode se tornar pecado. Paulo aconselhou os irmãos de Éfeso a que não deixassem o sol se pôr sobre sua ira (Ef.4:26,27). Em outras palavras, que deveria haver acerto, perdão, e que nenhuma pendência ficasse para trás.

Precisamos aprender a tratar com os desentendimentos no lar. Preservar a unidade não significa nunca se desentender, mas saber dar a manutenção devida no relacionamento quando isto ocorrer.

O tempo não apaga as ofensas. Deve haver reconciliação. Jesus ensinou isto:

“Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta” Mateus 5:23,24

Alguns acham que depois de um desentendimento é só deixar “para lá”. Mas a Bíblia nos ensina o princípio de reconciliação de maneira bem formal. Deve haver pedido de desculpas, de perdão.

Deve se conversar sobre o que aconteceu (o quê machucou o íntimo de cada um e porquê machucou). E não podemos perder de vista que devemos lutar para viver sem brigas, e não só reconciliar quando elas ocorrem (Ef.4:31).

Acredito, ainda, que atenção especial deve ser dada à forma de falar. Talvez esta seja uma das áreas que mais sensíveis sejam nos desentendimentos que surgem no relacionamento, uma vez que a “comunicação” no lar não é só o que um fala, mas também a forma que o outro entende!

As conversas não devem ser exaltadas ou em tom de briga. E quando um dos cônjuges se perde numa explosão emocional, é importante notar que a Bíblia não nos ensina a “jogar o mesmo jogo”. O que lemos nas Escrituras é justamente o contrário:

“A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira” Provérbios 15:1

“A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um”. Colossenses 4:6

Os maridos devem ter cuidado redobrado, pois por natureza são mais racionais do que emocionais e suas palavras tendem a ser mais duras e grosseiras. Por isto a Bíblia nos adverte:

“Maridos, amai a vossas esposas, e não as trateis com aspereza” Colossenses 3:19

“Igualmente vós, maridos, vivei com elas com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais frágil, e como sendo elas herdeiras convosco da graça da vida, para que não sejam impedidas as vossas orações”. I Pedro 3:7

Embora seja verdadeiro e aplicável aqui o ditado de que “é melhor prevenir do que remediar”, precisamos reconhecer que muitas vezes falhamos permitindo desentendimentos que poderiam facilmente ser evitados. Neste caso, devemos aprender a consertar e tratar com estas situações.

Mas não podemos esquecer também que mesmo havendo perdão e reconciliação depois do erro, quando ele se repete muito vai gerando desgaste e descrédito, e isto exige uma dimensão de restauração maior depois.

As intrigas no lar roubam o prazer de outras conquistas, como escreveu Salomão, pela inspiração do Espírito Santo:

“Melhor é um prato de hortaliça, onde há amor, do que o boi cevado e com ele o ódio”. Provérbios 15:17

“Melhor é um bocado seco, e tranqüilidade, do que a casa farta de carnes, e contenda”. Provérbios 17:1

“Melhor é morar no canto do eirado do que junto com a mulher rixosa na mesma casa”. Provérbios 21:9

Há casais que alcançaram tudo o que queriam financeiramente, mas não conseguem viver bem juntos. Eles, melhor do que ninguém, podem afirmar quão verdadeiras são estas declarações bíblicas. Não adianta ter outras realizações e deixar o relacionamento conjugal se perder.

Como alguém declarou: “Nenhum sucesso compensa o fracasso do lar”. Precisamos aprender a cultivar a unidade em nosso relacionamento. E isto acontece quando aprendemos a lidar de forma simples e prática nas questões do dia-a-dia. Que o Senhor nos ajude!

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IVANIL MENDES PREGADOR E CONFERENCISTA

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